quinta-feira, 25 de março de 2010

"Modern Times"













Estados Unidos, 1936
Direção e Roteiro de Charlie Chaplin
Elenco
Charlie Chaplin
Paulette Goddard
Henry Berman
Stanley Sandford
Chester Conklin





Uma história da indústria, da empresa individual - uma cruzada da humanidade em busca da felicidade.”


Estrelado pelo cineasta britânico Charlie Chaplin, Modern Times é um filme que relata a vida de um homem tentando sobreviver à vida moderna e industrializada.
O filme inicia com Carlitos (Chaplin), trabalhador de uma fábrica que tem uma crise por trabalhar de forma escrava sem ter nem o tempo devido de descanso. Ele é levado para um hospício e quando retorna, a fábrica foi fechada. 
Sem querer, Carlitos se envolve em uma manifestação e é acusado de ser o líder da passeata. Ao ser levado para prisão, descobre que tem tudo o que precisa para sobreviver sem ter que sair da cadeia, porém ele é libertado por bom comportamento.   
Enquanto isso, uma moça (Paulette Goddard), orfã de mãe, irmã de duas meninas pequenas e filha de um pai desempregado, é obrigada a fazer pequenos furtos para ajudar a família. Após a morte de seu pai em uma manifestação, agentes do governo  decidem colocá-la junto de suas irmãs para a adoção, mas a garota foge.
Em um de seus roubos a jovem é pega, mas Carlitos vê o ocorrido e decide entregar-se em seu lugar, pois faria de tudo para voltar ao conforto de sua ex cela.  Porém, a tentativa falha pois uma mulher presenciou o ato da jovem e desmente fazendo com que tanto Carlitos quanto a moça sejam presos. No caminho à cadeia, os dois conseguem fugir e em uma conversa em frente a uma casa decidem que ele irá trabalhar, ter dinheiro, comprar uma casa e a jovem cuidará de tudo para ele.  
Mais tarde, o homem consegue emprego em outra fábrica, mas os operários logo entram em greve e ele envolve-se em mais outra confusão ao atingir sem querer um policial com um pedra. A jovem consegue um trabalho como dançarina em um salão de música e ao ver que seu amigo está desempregado novamente, ela o convida e convence seu chefe a contratar Carlitos afirmando que ele faz um pouco de tudo.  
Quando eles começam a se dar bem no salão, os agentes do governo reaparecem e dizem estar procurando a jovem que fugiu. Eles fogem mais uma vez e seguem por uma estrada sem rumo,  procurando sempre uma maneira de sobreviver no mundo tão diferente ao que estavam acostumados. 
    Assim, o último filme mudo de Charlie Chaplin nos mostra como foi difícil para os trabalhadores das zonas urbanas dos Estados Unidos depois da crise de 1929 quando a depressão afetou toda a sociedade causando a grande parte da população o desemprego e a fome.
A primeira parte do filme trata do capitalismo e como ele afetou a vida dos trabalhadores já que eles foram obrigados a se adequar às novas técnicas sem poder expressar sua opinião, os donos dos meios de produção exploravam essa mão de obra fazendo-os trabalhar cada vez mais por um salário cada vez menor para, assim, aumentar a produtividade e o lucro de suas empresas. A luta per melhores salários e cargas horárias menores foram constantes nos tempos da Revolução Industrial e isso é bem marcado no filme.
Na segunda parte, as dificuldades financeiras das classes mais desprovidas de recursos e como a burguesia explora o proletariado é bem acentuada. E mesmo com todas essas dificuldades, os protagonistas mostram que não desistiram tão fácil de se dar ao direito de viver e não só trabalhar. 
Mesmo fracassando nos EUA, proibido na Alemanha de Hitler e na Itália de Mussolini por ser acusado de ser “socialista”, Tempos Modernos hoje é um clássico na História não só do cinema mudo, mas também da história do capitalismo.
Visando o conceito da capacidade tecnológica, está bem perceptível no filme o quanto eles tinha sede por inovações para que os trabalhadores produzissem cada vez mais em menor tempo. Isso se materializa quando é criado um aparelho que “facilita” a alimentação dos operários, mas que causou mais problemas do que soluções ao quererem criar uma máquina que aumentasse a rapidez da refeição, diminuísse o tempo de almoço para que os operários voltassem mais rápido à produção.
E é por essas e outras que podemos comparar nossa realidade com o filme. Os problemas nele tratados, como os modos de produção capitalista, a ambição dos burgueses e as condições dos trabalhadores ainda se manifestam atualmente. No Brasil ainda existe o trabalho escravo - mesmo que escondido, há empresas nas quais os superiores exploram o lucro retirado dos trabalhadores, o surgimento dos subempregos e há também o grande problema do salário baixo que mesmo que tenha tido aumento nesses últimos anos, ele não supre as necessidades do mercado atual já que ele avança a cada mês. 



segunda-feira, 15 de março de 2010

Ruim com eles, pior sem eles.




Para uma sociedade se manter em ordem e a convivência social ser viável, limites são impostos dentro dela. Esses limites são as leis criadas pelo poder legislativo e o direito colocado para cada cidadão garante o comportamento humano através das regras.
     Uma das principais leis do direito, o de ir e vir, está sendo lentamente violada. No inciso XV do artigo 5o da Constituição diz: “é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens”. Portanto, ao dirigir por vias públicas, não é necessário pagar nenhum tipo de taxa, já que quando os motoristas abastecem seus respectivos automóveis, uma parte do dinheiro já é destinado à manutenção de estradas. 
     Porém, em dezembro de 1988, foi aprovado o regulamento que permite a cobrança de pedágio nas rodovias federais através do Decreto no. 97.532/89. O artigo 2o desse Decreto diz que: “a finalidade do pedágio é arrecadar recursos visando a conservação de rodovias federais, compreendendo as atividades de manutenção, restauração, melhoramento e adequação de capacidade d via conservada, bem como às necessidades da segurança do trânsito”.
     Ao olhar por esse lado, a cobrança dessa taxa é viável à população, pois o dinheiro seria investido tão somente na melhoria das rodovias, confortando qualquer trajetória. Mas esses bloqueios estão aumentando cada vez mais e espalhando-se pelos estados e cidades do país tornando-se um assunto polêmico principalmente nas cidades nas quais foram divididas por um deles. 
     O pedágio é um tipo de contrato realizado entre as concessionárias e o Governo a fim de investir no melhoramento das estradas cobrando uma taxa ao motorista que passa por elas para ressarcir os gastos, mas as principais indagações da população são de por quê deve-se pagar a taxa se ao abastecer o automóvel uma parte já é destinada a esse mesmo fundo? Muitas pessoas alegam não ter nenhuma lei concreta que permite a cobrança dos pedágios em entradas, saídas e até no meio de cidades. 
     Por outro lado, há pessoas que são a favor deles principalmente nas grandes estradas pois alegam diminuir a velocidade da passagem dos carros e consequentemente os acidentes. 
     O que muitas pessoas estão fazendo é passarem pelos pedágios sem pagar. Alguns “truques” foram mostrados por uma estudante de Direito em Pelotas. Ela se recusa a pagar pedágio, pois diz que isso infringe o seu direito de ir e vir e diz que a estrada é um bem público e não é justo pagar por algo que é dela também. Assim, afirma não pagar a taxa ao passar atrás de um carro que tenha parado ou ainda passar direto garantindo que a cancela, que barra os carros, é de plástico, não quebra, não arranha o carro e quando um carro passa por ali ela abre automaticamente. 
    Questionamentos não faltaram após a sua apresentação. As maiores dúvidas foram sobre possíveis multas e se o motorista que realizasse esse ato, não estaria destruindo algum patrimônio alheio. As respostas foram simples. De acordo com a estudante, juridicamente não há lei que permita a implantação de pedágios em estradas brasileiras. E sobre o patrimônio, ela afirma que o pedágio e a cancela estão no meio do caminho onde os carros precisam passar e até então, ela nunca viu cancelas ou pedágios ficarem danificados. 
    A jovem conta que uma vez foi abordada pela Polícia Rodoviária e foi convidada a ser acompanhada a pagar o pedágio. Sem exitar,  ela perguntou ao guarda se ele prestava algum serviço à Concessionária ou ao Estado já que um policial rodoviário trabalha para o Estado ou para o Governo Federal e deve cuidar da segurança nas estradas. Já a empresa de pedágios é privada, ou seja, elas não tem ligação entre si. Além disso ela garante que o Estado está negando um direito de sociedade ao dizer que não há o que explicar se a constituição é clara ao dar o direito de ir e vir ao cidadão em todas as estradas do território nacional. A estudante concluiu seu curso em 2008 e garante que atuará na area necessária para continuar lutando pela causa do pedágio. 
       Ela é uma das milhares de pessoas que estão defendendo realmente essa questão. Os que não estão envolvidos em nenhuma das partes, só resta esperar e ver qual vai ser a decisão do governo sobre o assunto. 

sábado, 6 de março de 2010

Medo

medo
subst m medo ['medu] sentimento de inquietação perante eventual perigo

Perigo? Mas que perigo?
Perigo de talvez perder tudo, mudar de rumo e sumir do mundo sem deixar rastros?
Medo de fazer o que deseja, mas que no futuro pode não dar tantos retornos?

Penso, penso e penso.

Seguir com a minha ideia de desapego, ou me apegar de vez e ver no que dá?
Continuar centrada nas escrituras ou deixar meus pensamentos se perderem  num mundo alheio?

Tudo tão rápido. Tudo tão avassalador. Tudo tão tudo.






terça-feira, 2 de março de 2010

Édouard Boubat

Édouard Boubat
O fotógrafo que nos faz ver através de suas lentes
Por Fernanda Machado




 O fotógrafo francês Édouard Boubat, nasceu em 1923, em Paris. Seu interesse pela fotografia começou aos 23 anos quando o mundo estava vivenciando a Segunda Guerra Mundial. Com a paixão por sua cidade natal, Boubat passou a registrar a vida cotidiana na capital francesa do país pós-guerra. 
Aos 28, atingiu o nível profissional quando participou de uma exposição coletiva na livraria Hune em Paris, ganhou o Prêmio Kodak do Salão de Fotografia de Paris e em seguida foi chamado para ocupar o cargo de fotojornalista na luxuosa e profusamente ilustrada Revista Réalités. A revista era politicamente posicionada ao centro embora fosse reputada de direita e era conhecida também como “observatório do mundo”, pois a televisão estava  dando os seus primeiros avanços e as viagens não eram comuns para a sociedade propria-mente dita. A partir desse momento, a vida de Édouard Boubat foi tomada por viagens para diversos países em todos os cantos do mundo e, consequentemente, seu trabalho passou a ser comparado ao de talentosos profissionais humanistas da época, como Robert Doisneau e Willy Ronis.
Por toda a sua jornada, Boubat presen-ciou momentos únicos e indescritíveis, mas que com apenas um click nos faz parar e notar cada detalhe para tentarmos sentir, entender e expressar o que  vemos. Assim, há quem diga que suas fotografias são uma celebração da vida, já que ele consegue passar para a foto tudo o que viveu e sentiu no exato momento da captura.

Boubat: “- Borges escreveu: ‘Cada homem que lê Shakespeare é Shakespeare.’ Quando você ouve Mozart, você é Mozart. Lembro estas palavras de Mozart: ‘Os únicos momentos toleráveis em minha vida são quando eu componho.’ Ele tinha dívidas, não tinha o que comer, mas quando estava compondo ele era mais do que Mozart, estava em um outro estado. Se você quiser, este é meu segredo. A parte mais bonita da fotografia é o momento de disparar, o momento em que faço um retrato, ou uma paisagem, então Boubat já não existe. Este é o segredo: não há nenhum Boubat, nenhuma cidade indiana, nestes breves momentos nos transformamos em parte de um todo, já não estamos separados da paisagem, da pessoa na nossa frente. Isso é porque eu não observo os detalhes: porque não há nenhum detalhe, eu não os vejo.” Paris, julho de 1986



E é com essas palavras que Boubat consegue prender a nossa atenção e nos força a tentar entender o que ele estava pensando no momento. O que a paisagem estava proporcionando ao fotógrafo e em qual sintonia os personagens estavam na hora da captura. Quanto mais pensamos e analisamos, mais ficamos curiosos para nos conectarmos àquele momento. 
    Conseguimos realmente perceber que em suas fotos, Édouard Boubat sai de si e liga-se com o que está capturando.
    Boubat é muitas vezes descrito como o "fotógrafo da felicidade" e "correspondente da paz ". Jacques Prevert, poeta e roteirista francês, em uma exposição em Paris se referiu a Boubat dizendo: "O que mais? Existem apenas ver o que Boubat vê e nos faz ver. Nas terras mais distantes ou grandes desertos do tédio, ele procura e encontra um oásis" .
     Boubat deixa sua mente e sua ideia o levar. Sua teoria era de que o fotógrafo é quem vê, conta o que vê e tem o objetivo de fazer com que o outro veja através da lente dos seus olhos e criar uma linha paralela entre a impessoalidade e os sentimentos. Para tudo isso acontecer, o fotógrafo precisa ser único e ao mesmo tempo ter suas particularidades para permanecer insubstituível e entrar em um nível universal.
      Para ele, a opção de não aparecer no momento da fotografia era como se tirasse sua própria roupa para ser mais um objeto na cena. Exatamente por ser mais um objeto, ele era capaz de mostrar descrições enxutas e exatas do que estava à sua volta. Estava totalmente no tempo presente e toda vez que olhamos uma fotografia dele, parece que nos transportamos para o exato momento e local da captura e termos a sensação de também estar vivendo aquilo e passamos assim, a fazer parte também da foto.
    E é por essas e outras que Édouard Boubat ganhou ao longo de sua vida grandes prêmios como o
Prix du Livre (1977), Grand Prix National de la Photographie (1984) e Grand Prix de la Fondation Hasselblad (1988).


      Na França, os trabalhos de Boubat são separados em dois temas principais. Primeiro a “felicidade imprudente” com imagens de cultos e celebrações que nos transmite o sentimento do personagem principal da imagem, crianças despreocupadas de shorts rasgados que brincam nas ruas ou na neve dos Jardins de Luxemburgo, os quais nos faz abrir um sorriso no canto da boca e chegar a ouvir suas risadas por estarem realmente se divertindo, e de amantes desassossegados, entrelaçados, sozinhos no mundo, que nos mostra que todos temos um mundinho particular e só participa quem realmente desejamos. 
      E na segunda, mas não menos importante categoria, a das mulheres. Sua primeira musa foi Lella. Longos cabelos ondulados ao vento, blusa transparente e com um olhar sonhador que nos faz imaginar no que ela estava pensando, o que ela estava fazendo ali, se estava esperando ou avistando alguém e o que ela almejava naquele exato momento. 
    Com Boubat, nossa mente viaja através do tempo e ultrapassa qualquer barreira de espaço. Podemos ficar horas observando suas obras, e exercitando o prazer de imaginar o que o outro pensa e o por que de suas expressões faciais e corporais.


"Uma foto é como um beijo roubado. De fato, um beijo é roubado sempre, mesmo se a mulher estiver consentindo. Com uma fotografia é o mesmo: roubado sempre, e ainda ligeiramente consentindo.” - Édouard Boubat