quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Fim de carreira?

Fim de carreira?

Derrubar o diploma no exercício de jornalista não desmotivou alunos
do curso


Bruna Angelina Goes Viel
Fernanda Fioravanti Machado


Jornalistas de todo o país foram surpreendidos no dia 17 de junho deste ano quando oito dos nove ministros do Supremo Tribunal Federal votaram no fim da obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalista. A lei que propunha a obrigatoriedade do curso de Comunicação Social para o exercício do jornalismo entrou em vigor em 1979 e desde então a discussão para saber se o diploma era ou não necessário veio à tona.
Com a decisão do STF, milhares de estudantes de jornalismo fizeram inúmeros protestos para que o diploma voltasse a ser obrigatório, no entanto, jornalistas já formados não se apavoraram tanto com a decisão quanto os estudantes do curso, pois sabem que uma pessoa com formação jornalística terá uma bagagem de conhecimento muito maior que uma pessoa sem formação e assim as grandes empresas não se arriscarão a contratar jornalistas não graduados.
A aluna do último ano do curso de jornalismo do Centro Universitário FIEO, Luciana Cristina Marques de Jesus, afirmou em uma entrevista que se pudesse, reaveria todo o dinheiro no qual investiu, mas não se arrepende de ter começado o curso, pois acredita que as grandes empresas não ensinarão às pessoas as técnicas jornalís-ticas que deveriam ter aprendido no ensino superior.
O futuro publicitário do Centro UNIFIEO, Tiago Gomes da Silva, não concorda com essa nova lei. Declarou que o jornalista tem o papel importante de levar todo o tipo de informação e conhecimento para a sociedade e não concorda com o ministro Gilmar Mendes, o qual deu início à sessão para derrubar o diploma, ao dizer que todos os cursos que não estão envolvidos na área da saúde não precisem de diploma também, pois todas as profissões exigem um conhe-cimento teórico que não se adquire sozinho.
Paula Veneroso, jornalista e professora universitária, é a favor do diploma, porém acredita que a não obrigatoriedade não vai fazer nenhuma diferença para aqueles que já são formados ou estai cursando jornalismo, pois assim como a estudante Luciana, acredita que as empresas não irão perder tempo e dinheiro treinando uma pessoa, sendo que podem contratar outra que estudou 4 anos, e já sabe o que tem que ser feito. Considera que a decisão vai apenas favorecer as pessoas que já traba-lham na área jornalística e são formadas em outros cursos, pois a decisão ajudará a mantê-las no mercado. Paula afirma ainda que por conta da decisão do STF a profissão não foi desvalorizada, e sim o contrário, pois a sociedade passou a discutir sobre seu valor. A jornalista acrescenta que os recém formados são de alta importância para as empresas, pois sabem quais são os requisitos mínimos para ser um bom profissional e ainda não possuem vícios adquiridos em redações.
Uma pesquisa feita pela Escola de Comunicação do site Comunique-se - primeiro portal brasileiro totalmente voltado para profissionais de comunicação com o principal objetivo de divulgar notícias de bastidores do mercado jornalístico brasileiro – colheu a opi-nião de 682 pessoas pelo país que estão envolvidas na área de comunicação e chegaram à conclusão de que o percentual dos que são contrários à decisão do STF é similar a 78%. Uma pesquisa mais detalhada afirmou que apenas 11% dos jornalis-tas formados e dos estudantes de Jornalismo concordam com a decisão. Outros 5% são neutros e 84% são contra. De cada 10 jornalistas formados, 5 acreditam que vão sofrer impacto negativo em suas carreiras.
Essas opiniões, principalmente dos que ainda estão cursando, repercutiram em muitos protes-tos. Alguns a Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) se envolveu, como mostra a figura acima. Mesmo com todas as queixas a decisão foi tomada, espera-se que a maioria dos futuros jornalistas decida não parar o curso, pois prova-rão que um profissional com curso superior completo especializado na área na qual atua será sinônimo de empresa bem sucedida.

Um comentário:

Juu disse...

Eu já havia lido sobre ser jornalista sem ter o diploma e cheguei a concordar com a ideia, acreditando que se for para contratar alguém que não fez jornalismo, deve ser um bom profissional graduado em algum curso na área de humanas ou com grande capacidade de exercer uma boa escrita sobre determinado assunto... e espero que seja assim.
Mas não sei, ainda acho que essa lei será derrubada.