quinta-feira, 21 de julho de 2011

E a magia chega ao fim


"Drawing Hands" (1948)
    Duas horas e meia em pé, numa fila consideravelmente grande com a companhia de um frio camuflado pelo sol foi o que muita gente enfrentou neste domingo, 17 de junho, no Centro Cultural Banco do Brasil na Sé em São Paulo. O centro da cidade paulistana foi tomado pelas mais diferentes tribos, idades e gostos para participarem do último dia da mostra “O Mundo Mágico de Escher”. A exposição entrou em cartaz dia 19 de abril de 2011 trazendo parte de um raro acervo de mais de 400 obras do Museu Haags Gemeente que abriga o Museu Escher na cidade de Den Haag, na Holanda.
    O artista gráfico holandês Maurits Cornelis Escher (1898 – 1972) ficou conhecido pela arte que explorava efeitos óticos e de espelhamento. 95 de suas obras foram trazidas para o Brasil, incluindo gravuras originais, desenhos, rascunhos e os trabalhos mais conhecidos do artista como o “Drawing Hands”.
    O curador da exposição, Pieter Tjabbes, foi até o museu na Holanda para selecionar os trabalhos mais significativos seguindo uma ordem cronológica que vai desde 1919 a 1960. Pieter afirma que essa foi uma oportunidade única para os brasileiros conhecerem as obras originais desse artista gráfico já que elas não poderão ser emprestadas de novo para qualquer outra exposição por quatro anos. “Pela regra internacional, quando obras ficam expostas durante muito tempo, sofrem incidências de luz e podem perder intensidade de cores e por isso devem ser preservadas com maior cuidado nos anos seguintes”, explica.

Sky and Water
    Os visitantes da mostra passaram por experiências interativas para tentar entender cada obra trabalhada com os mais diferentes tipos de ilusão de ótica. Em uma sala, os visitantes olhavam por uma janela de vidro de uma casa na qual vê todos os objetos em ordem, mas ao olhar pela janela ao lado da primeira, se depara com tudo flutuando. O filme em 3D foi uma das sessões que mais chamou a atenção já que proporcionava ao público uma viagem incrível por dentro das obras. No primeiro andar, os visitantes que ainda estavam na fila, podiam assistir as outras entrando dentro de uma caixa que dava a impressão de que a pessoa que ficava do lado direito era extremamente grande e a que ficava do lado esquerdo era minúscula, e vice-versa. Nos corredores, algumas obras foram expostas em 3D e ao passar por elas, tinham a sensação de que as imagens se mexiam. Algumas telas sensíveis ao toque foram espalhadas pelos quatro andares nas quais o público podia clicar nas obras e brincar com os detalhes. Além dessas, grandes imagens foram expostas nas paredes para que ao mesmo tempo fossem vistas de longe para entender o desenho, e de perto para ver os mínimos traços e as mudanças de uma obra para a outra.
    O curador Pieter afirmou que era justamente esse o objetivo do artista com seu trabalho. Ao criar construções impossíveis, preenchimentos regulares do plano, explorações do infinito e a metamorfose das figuras, queria que as pessoas parassem realmente para contemplar a obra e se questionasse: Será que é isso mesmo que estou vendo? E tentar, em vão, procurar por uma explicação cabível. 
    Os que aguardavam na fila esperavam ao som de um DJ que tocou diversas músicas nos mais diferentes ritmos. Um saxofonista os visitavam de vez em quando para animar os visitantes. Portanto, atrações não faltaram desde a saída da Av. Consolação com vans particulares do evento guiadas por motoristas muito bem humorados deixando as pessoas na porta do Centro Cultural, até a saída do local depois de conhecer outros interessados no mesmo assunto dispostos a refletir sobre o trabalho visto. E como diria o engraxate, nova sensação do Youtube: “Quem gosta, gosta, quem não gosta, curte.”



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