terça-feira, 7 de dezembro de 2010

LUXO À DISPOSIÇÃO: AGORA FICOU FÁCIL


Por Fernanda Fioravanti Machado
Com a ideia de que dividir é sinônimo de multiplicar, a Compra Compartilhada continua se expandindo pelo globo e ganha maior atenção no Brasil
O sucesso internacional do Time Sharing ou Propriedade Compartilhada teve origem na Europa do Pós Segunda Guerra e consiste em um sistema no qual várias pessoas são donas de um único bem. Um grupo compra cotas individuais de uma propriedade e usufrui dela de forma exclusiva em um determinado período do ano em esquema de rodízio.
As casas de veraneio, helicópteros e veleiros já estão nos planos e pagamentos mensais de muitos brasileiros. Até o ano passado, muitos se assustavam com a ideia de passar seis semanas a bordo de um iate, com todo o conforto de um bilionário por míseros 2 milhões de dólares – um oitavo do preço original. Mas hoje, a maior novidade é a venda fracionada dos automóveis de luxo. Essa opção ainda não está disponível no Brasil, porém não vai demorar muito para que uma Ferrari chegue a custar 100 000 reais. “Em tese é uma proposta interessante e viável para se adquirir parte de um bem de elevado custo e/ou manutenção”, diz o ex gerente executivo de multinacional e atual consultor de empresas Herbert Kowalesky.  Por outro lado, ele afirma haver uma grande diferença entre esse tipo de compra no Brasil e nos outros países: “Essa é uma atitude com forte componente cultural. O brasileiro, de modo geral, é possessivo e exclusivista. Creio que a idéia de ‘dividir’ algo que goste muito ainda o perturba, mesmo sabendo que por aquele bem tenha pago somente a sua parcela.”
A compra compartilhada surgiu como uma alternativa econômica para aqueles que sonham com um imóvel de lazer, mas não possuem meios ou até interesse em adquiri-lo individualmente. Herbert, que possui um Trawler (barco utilitário) há três anos, afirma que compraria uma propriedade compartilhada “provavelmente uma embarcação, um imóvel de veraneio diferenciado”, mas “... de toda forma, continuaria com meu barco exclusivo”. 
O grande ponto de interrogação na cabeça dos compradores ainda continua sendo os possíveis problemas que podem surgir ao longo da compra e do período de utilização dos bens. Muitas perguntas lotam os e-mails das empresas brasileiras de Compra Compartilhada e um exemplo é a da HeliSolutions – pioneira na introdução de programas de propriedade compartilhada de aeronaves no Brasil – que assegura a todo o momento que em caso de indisponibilidade para vôo por qualquer razão ou manutenção, ninguém será afetado já que eles oferecem a cada cliente uma frota de aeronaves prontas para o uso imediato. 
E é com afirmações desse tipo e sempre colocando as condições para adquirir uma propriedade de maneira muito clara e simplificada que as empresas deixam até quem nunca pensou na possibilidade da compra, com vontade de solicitar a visita residencial de um de seus consultores. Renato Max Oliveira da Silva, Diretor de Arte da Agência 3WP, é um deles e afirma que além de ser a favor desse tipo de compra, não hesitaria em adquirir um carro esportivo se tivesse poder financeiro para isso. “Além do custo da compra ser menor, todos os custos de manutenção também seriam menores e eu não precisaria ter esse bem comigo o tempo todo”. 
Porém, o que preocupa não só os clientes desse sistema, mas também os estudiosos dessa facilidade, é se o Brasil - que foi classificado em junho desse ano como o 6° país mais violento do mundo – será capaz de lidar com tantos bens de luxo circulando em suas ruas e se todos os participantes serão transparentes o suficiente para não gerar nenhum tipo de conflito relacionado à compra ou ao tempo de uso. O consultor Herbert Kowalesky acredita que a Compra Compartilhada fará sucesso no país, mas “isso dependerá dos players que estiverem no negócio e como darão visibilidade ao mesmo, e também a seriedade demonstrada”. E para o diretor Renato Max, a possibilidade da violência nos estados aumentar é grande. “Acredito que terá sim mais problemas de roubo por ter mais carros nas ruas, mas acho que isso é um problema muito maior e mais complexo”, afirma ele. 
A tendência da Compra Compartilhada é a constante novidade no ramo de negócios e com certeza já mostrou que ela veio para ficar. Está bem claro que ela pode extrapolar para outras classes sociais e todo o resto só depende do que o empreendedor quer, já que as possibilidades são gigantescas.

Um comentário:

Anônimo disse...

quello che stavo cercando, grazie